quarta-feira, 26 de maio de 2010





Ser poeta é ser mais alto, é ser maior


Do que os homens! Morder como quem beija!


É ser mendigo e dar como quem seja


Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!


É ter de mil desejos o esplendor


E não saber sequer que se deseja!


É ter cá dentro um astro que flameja,


É ter garras e asas de condor!


É ter fome, é ter sede de Infinito!


Por elmo, as manhas de oiro e de cetim...


É condensar o mundo num só grito!


E é amar-te, assim, perdidamente...


É seres alma, e sangue, e vida em mim


E dize-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca.....